É com imenso prazer que inauguro uma sequência de post destinados a divagar sob cinema, para ser mais especifico, ao que se convém chamar de cinema Cult (que possui tal denominação, para se diferenciar de outro segmento do cinema, o cinema pop), a postagem magma está reservada ao brilhante Laranja Mecânica. (Clockwork Orange). Meu filme preferido!
Embora com relevância hodierna, o filme é datado de 1971, aliás, característica imprescindível a todos os filmes que são adjetivados de clássicos, é a incessante busca de temas transcendentais, discussões que continuem atuais mesmo que o contexto não o seja mais. Dirigido por um dos habitantes do monte Olímpio da cinematografia, Stanley Kubrick instigou um debate sobre moralidade, Estado e dignidade da pessoa humana que muitos filósofos precisaram abarrotar prateleiras para iniciar o tema.
Basicamente o filme trata da saga de Alexander DeLarge, vulgo Alex, um jovem que, embora seja saudável e tenha boa família, torna-se um delinqüente sem escrúpulos. Alex é interpretado brilhantemente por Malcolm MacDowell. Kubrick chegou a declarar que, se McDowell não estivesse no elenco, dificilmente ele teria feito o filme.
Alex é o líder de uma gangue de jovens. Suas atividades são roubar, espancar, estuprar, entre outras. Em uma das ações da gangue o líder, Alex, é pego pela polícia. Na cadeia ele descobre que há um novo método, ainda em teste, para eliminar intenções criminosas e sentimentos ruins de pessoas que estão na prisão por diversos motivos. Alex se candidata a ser cobaia desta nova experiência e, assim, começa sua jornada psicológica.
Após ser exposto a cenas de violência, com os olhos abertos por um equipamento e um médico colocando remédio em seus olhos, durante horas e dias seguidos, ele foi solto às ruas com o seguinte diagnóstico: curado. Mas apesar de sair notícias nos jornais sobre sua cura, ele percebeu que a sociedade não estava pronta para receber um assassino curado de volta às ruas, ainda hoje não está.
Um show a parte, é assim que vejo a trilha sonora, não é comum um filme carregado de violência e erotismo, ser acompanhado de música clássica de primeira grandeza, quem viu, nunca esqueceu a cena de Alex suplicando para que em uma de suas seções do “tratamento milagroso” não fosse acompanhado pela 5° sinfonia de Beethoven. De modo algum passa despercebido o encanto de Alex cantarolando “Singin' in the Rain” em alusão ao também magistral Dançando na Chuva.
No mais, cabe indagar, até que ponto o Estado está legitimado a reprovar atrocidades com atrocidades ainda maiores? Ou ainda, até que ponto um detento pode permutar sua própria liberdade de escolha e sua dignidade humana (salienta a boa doutrina que os Direitos Fundamentais, são inalienáveis, imprescritíveis, indisponíveis e universais) por um beneficio de regime? Enfim, o comportamento humano deve ou não ser condicionado pela ciência em “beneficio” da sociedade?
O mundo se divide em quem assistiu e quem não assistiu o Laranja Mecânica.
A contra capa do DVD, descreve o filme como; brilhante. Uma viagem extraordinária por imagens, músicas, palavras e sentimentos. Laranja Mecânica ganhou os prêmios de melhor filme e melhor direção da associação dos críticos de cinema de nova York, e recebeu quatro indicações ao Oscar incluindo melhor filme. Um filme não, uma genuína obra de arte!
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