quinta-feira, 13 de maio de 2010

Nietzsche: Extemporâneo, inconveniente e inoportuno.


É com enorme honra que o blog abre espaço para um de seus colaboradores intelectuais mais solicitados, presença perene nos comentários, sujeito ativo de acalorados e infindáveis debates, com a palavra; William Ramos.

Em homenagem as atuais discussões acerca do tão afamado e renomado filósofo alemão F. Nietzsche. Homenagens essas expressas no X SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA NIETZSCHE / DELEUZE: “NATUREZA / CULTURA”, que contará com grandes nomes do Brasil e do Mundo, em termos de Nietzsche e Deleuze, o qual ocorrerá aos dias 25/27 de Maio / 2010, na Universidade Federal do Pará.

Aproveito as circunstâncias para fazer um adendo e tecer as devidas parabenizações ao ilustre Professor, Doutor em Nietzsche, Henry Burnett; paraense, natural da cidade das mangueiras, dotado de uma capacidade ímpar de captar as melodias e as decodificá-las para nós, reles leigos, e aqui faço alusão a sua brilhante obra, o álbum “Para não magoar”.

Adentrando no universo Nietzscheano, irei me ater aos meios mais populares e simples de entender Nietzsche, quais sejam os filmes, inclusive brasileiros, refiro-me a “Quando Nietzsche Chorou” e, ao principal, “Dias de Nietzsche em Turim”. Restrinjo-me mais ousar a falar um pouco sobre cultura.

É complicado falar,ou tecer observações acerca de um filósofo que asseverava: “Há homens que já nascem póstumos. Eu não nasci para esta geração”. Suas idéias e ideais sempre estiveram à frente de seu tempo. O ser póstumo que se negava a ser classificado como o
homo medium”, que dizia “Não sou um homem, sou uma dinamite”.

E assim o foi! Em sua grandeza de espírito, singularidade de gosto e rigorosidade cultural, veio e implodiu ao que se denominava certo. “Porque até hoje convencionou-se chamar de certo o que é errado”.

O filósofo alemão dizia: “a minha estética baseia-se no que é ameno, sutil e clássico”. O clássico, sobretudo, no que dizia respeito ao mundo grego, a retomada do Dionisíaco, que representa o caos, a bebedeira, a lascívia, o que há de mais degradante e opróbrio no homem, pois essa, segundo o filosofo, é verdadeira natureza.

Ele orgulhava-se em afirmar peremptoriamente que não seguia o modelo padrão cultural daquela época. “O super-homem está além do bem e mal”. Cultura essa que predominava, e predomina, o estilo apolíneo, a luz, o modo e singularidade de pensar, o correto, o decente. Padrões esse que vivem em total discrepância com a natureza “animal” o voraz do homem, o que acabou descambando a uma hipocrisia. O falso moralismo!

Havia-se uma cultura maculada pela mentira, as mentiras que tornam a vida mais amena. Essas mentiras vem incorporadas nas religiões. Todas elas, mudando pouca coisa uma da outra, tendo em vista sua mesma fonte nascedouro, vem ratificar um padrão moral, estético e cultural, sempre usando o medo psicológico, quando não o físico, às pessoas. É indispensável que haja uma sanção para haver validade.

Pregam uma filosofia pífia, medíocre e leviana. Sempre ratificando a eterna repetição do ciclo vital. Isso faz o homem cair em um caos interno, uma luta constante de espírito, impelindo-o a seguir tais padrões. No entanto, ele tem que enfrentar ainda o conflito interno do dionisíaco com o apolíneo.

Dentre as religiões, e sempre elas, pois delas advêm o modelo hipócrita de cultura ocidental, o filósofo alemão, faz um a parte, quando ao Budismo, o qual, precede anos de estudos filosóficos, que culminam em combate ao sofrimento e não ao pecado, como as demais religiões.

É preciso uma implosão do homem ocidental. “Amo aqueles que se dedicam ao nascimento do super-homem”, e o super-homem mostra-se como o homem além do homem moderno, dotado de uma verdadeira cultura. “O que amo no homem é que ele é uma ponte e não uma meta”.

Faz-se necessário o eterno retorno, munir-se das ilusões e preceitos modernos como um camelo, caminha até o deserto, a solidão, lugar árduo, sim porque essa transição não será simples, daí começar a lutar destruir toda carga, todos os pensamentos tidos como certo, moralmente aprováveis. E só então, voltar, como um bebê, uma tabula branca, pronto a captar as sutilezas da verdadeira e mais alta e pura cultura, eis assim o super-homem.

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