Embora muitos amantes da leitura remontem a sua paixão insaciável pela mesma ao modo pelo qual foram educados, por crescerem em um ambiente cercado de livros, bem como pela influencia de familiares, isto é, como se costuma dizer, uma cultura que vem de berço.
No meu caso, e isso muito me orgulha, o interesse pela leitura, emergiu da minha inquietação com assuntos que o senso comum toma como pacífico, a mim não parecia assim tão evidente. Nunca tive modelos próximos a serem espelhados, tão pouco ambiente familiar que valorizasse tal hábito.
Confesso que no início não foi assim tão prazeroso, muitos dos livros que comecei, não terminei. Além do que, o primeiro livro que li na integra, foi motivado por uma avaliação, isso dista a sétima série e, a professora de português Isabel, nos passou um livro chamado "A vida é agora", que chamava à atenção para o perigo das drogas. Mesmo com todos os estereótipos explorados de forma muito preconceituosa e com passagens que me pareciam subestimar a capacidade do leitor de chegar sozinho a uma conclusão, foi logicamente uma leitura valida, nunca mais voltei a outro livro da mesma autora.
A partir disso, vaguei sem muita paixão, por livros de auto-ajuda (uma coleção de Roberto Shinyashiki ), e doses de Augusto Cury, atualmente nutro um sentimento de aversão por tal literatura.
Houveram ainda as leituras obrigatórias para o vestibular, tais como "Cinco minutos" de José de Alencar, "O alienista" de Machado de Assis, "Amor de perdição" de Camilo Castelo Branco, "Belém do grão Pará" de Dalcídio Jurandir dentre outros.
Contudo, somente quando os ônus deixaram de me obrigar, o encanto surgiu, e de súbito o amor pela leitura me tomou de encantos dos contos de Machado de Assis, algumas biografias entre elas do companheiro Che Guevara, e sobretudo, dois dos meus livros de cabeceira, "Deus um delírio" de Ricard Dawkins e "O manifesto do partido comunista"de Karl Marx.
Ademais, por volta dessa época, me recordo de como me sentir violado, humilhado, roubado, enganado e tripudiado com a leitura de "As veias abertas da America latina" de Eduardo Galeano, em concomitância com o arrebatador amor à primeira leitura ao Nobel Gabriel Garcia Marquez com o "Mémoria de minhas putas tristes", justamente, nessa última obra que referendei o amor sem idade.
Narra a mitologia grega que, a Deusa Atena nasceu de uma machadada desferida pelo guerreiro Hefesto na cabeça de Zeus que naquela altura era acometido por uma dor sobrenatural na tentativa de deter uma profecia (tenho um livro de ouro da mitologia). Dessa forma, eu precisava de alguém que golpeasse a minha cabeça e retirasse o que há de melhor ali dentro, foi ai que entrou o companheiro William Ramos.
William foi responsável por me introduziu as idéias de: Platão, Aristóteles, Cícero, Immanuel Kant, Jean-Jaques Rosseau, Friderich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Max Weber, Michel Foucault, Kierkegaard ,Fiodor Dostoievski, Shakespeare, Fraz Kafka, Sir Conan Doyle, Edgar Allan Põe, Sam Harris, Dan Dennet, Luís Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura.
Não que o William soubesse tanto assim sobre todos esses indivíduos, mas a idéia de ter um discípulo o seduzia sobremaneira.
Nesse intervim, fiquei abarrotado de leituras jurídicas, nem sempre com à atenção que mereciam. Em seguida, quando por influencia do boníssimo professor Davi Silva, entrei em contato com o jurisfiloso Jungen Habermas, um dos meus favoritos.
Convém ressaltar, meu encantamento pelas obras: "Metamorfose", do Kafka ( meu autor favorito), nunca mais me acordei sem olhar diretamente para minhas mãos e, sempre me pego pensando se na essência o que importa é a aparência; "Ensaio sobre a cegueira", não que o filme seja ruim, mas a podridão que o livro remete, imagem nenhuma alcançará, além da mesquinharia humana que se sobressai em situações de exceção; "Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Marquez, até hoje me encanta por seu espírito aventureiro e desbravador além de que, agora sempre penso em fundar uma Macondo por ai.
Na filosofia, sem dúvida as obras que mais me influenciam são,"A fundamentação da metafisica dos costumas" de Kant; "Para além do bem e do mal" de Nietzsche; "Vigiar e punir" de Foucault; "O existencialismo é um humanismo" de Sartre.
Hoje meus melhores amigos são personagens, os indivíduos que mais dialogam comigo são filósofos, minhas mais sinceras paixões são por donzelas que não existem, minhas mais fantásticas aventuras são estórias, minhas principais aspirações não vão além de ler o maior numero possível de obras bem como, socializar conhecimento. Quando estou feliz, a leitura é a cereja do bolo, quando me sinto vazio ela me preenche, quando só penso em mim, ela me faz ver uma situação macro por uma diversidade de perspectivas. Enfim, podem nos tirar tudo, porém, quem lê, nunca estará sozinho.
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